A inteligência artificial (IA) não é uma tecnologia recente, mas é, inegavelmente, a mais promissora da atualidade. Contudo, o seu potencial encerra o paradoxo de, num futuro mais breve do que talvez possamos prever, alterar significativamente a nossa forma de trabalhar. Os dados mais recentes, fornecidos pelo World Economic Forum, apontam para cerca de 14 milhões de postos de trabalho afetados a nível mundial nos próximos cinco anos.
É verdade que tecnologias como a automação e ferramentas de machine learning vão (ou já estão?) ter um enorme impacto em job functions que dão primazia a tarefas rotineiras, substituindo funções administrativas que antes eram feitas com recurso a mão de obra humana. Mas não é menos importante reconhecer que a IA tem o potencial de criar novas oportunidades de emprego para aqueles que consigam reconhecer o seu valor.
Mas mais do que cair no binómio fácil “risco vs. oportunidade”, e face à inevitabilidade de termos de lidar com este que em breve será o “novo normal”, a questão que se impõe é: estamos preparados para o abraçar? A questão não é tanto o que nos trará o futuro, mas sim se estamos a fazer a nossa parte, enquanto sociedade, para acompanhar a disrupção tecnológica que está prestes a acontecer. Se a nossa realidade futura passa pela forma como vamos adotar a presença das máquinas/ tecnologia nas nossas tarefas diárias, não dedicar ao tema a importância devida parece-me um erro que pode ter custos elevados para as empresas e para a sociedade em geral.
As medidas devem passar pelo investimento, por parte de empresas e das próprias instituições governamentais, em programas de reskilling que permitam a aquisição das competências necessárias à interação com estas ferramentas, garantindo que ninguém fica para trás. Ao mesmo tempo, cabe aos líderes promover uma cultura de aprendizagem contínua, com programas de desenvolvimento de carreira, mentoring e coaching, já que este será o motor de engrenagem para manter os colaboradores como parte da transformação digital. Em paralelo, criar equipas multidisciplinares com diferentes áreas de especialização para transmissão de conhecimento e para que o fator motivação nunca seja um problema. O mundo vai mudar e tornar-se (ainda mais) tech, cabe-nos fazer a nossa parte para que continue a ser o lado humano a fazer a diferença.
Presidente executivo da Multipessoal